23 de julho de 2011

Reminiscências de um ser que chove

Chega! Meu copo transbordou! E foi só a primeira gota. Apenas uma gota. Mesmo assim eu inundei. Virei enxurrada. Uma correnteza. Levando tudo. Destruindo e matando. Uma enchente, maremoto, tsunami. Arrancando árvores, raízes, tudo. Ressaca. Mas uma hora eu seco. E viro nuvem. E vou por aí, gasoso, chovendo em alguma horta morta, algum pomar ressequido de ódio. Gotejando num fluxo contínuo. Tempestade. Dessas cheias de vento e granizo e raios e trovões. Tufão! Que dão medo em todos. Que atormentam crianças. Ai de mim! Mas a nuvem também some, desaparece do céu. Vira poça. Dessas, pequenininhas, em que todos pisam. Um misto de água e barro. Sujeira. Lixo. Esgoto. Ai de mim! Triste sina de quem sonha em ser mar. Mas não nasceu nem para ser lagoa.

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